terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O caminho



Nos buracos deste estranho caminho
A estrada teima em desaparecer a cada passo
Os pés pisam no vazio,
Mas os joelhos registram os tombos, um a um
No caminho não há placas
Não há indicações
Não há qualquer alusão aos perigos
Não há faixas de segurança
Às vezes falta luz
Outras vezes falta horizonte,
É noite densa como asfalto
É dia difuso na neblina da alma,
Os olhos não enxergam bem
Mas todos os sentimentos avisam
Que no caminho não há nada
Além daqueles que fazem com que haja um caminho.


Mariângela Souza  Ragassi
Assisi - Fev. de 2016

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O blog "Biblioteca do Murilo" fala sobre o Memorial das Flores

Esta é a resenha que o Murilo Jr., de Ananindeua, Pará, tão atenciosamente publicou no seu blog "Biblioteca do Murilo":

Terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Memorial das Flores
Autora: Mariângela Ragassi.
Ed. Chiado. 1a edição- Nov. 2015.
Lisboa - Portugal.


Enredo:
Flora é uma mulher em crise. Um casamento desfeito há 7 anos ainda a entristece.
Com a morte de Anna, sua mãe, só lhe restava a tia , que agora falece , sendo Flora chamada a sua residência para recolher os pertences.
Através de uma caixa de fotografias, dá-se o início o memorialismo do título.
A narrativa é tão condensada que me abstenho a desenvolver mais o enredo, para evitar revelar os mistérios que serão desvendados ao longo do texto.
Os temas em destaque são: Gravidez indesejada, rompimento de noivado, solidão, machismo, angústias existenciais , entre outros.

Características do texto:
Prosa realista, objetiva, levemente poética (pelo uso de metáforas e comparações ).
Narrador onisciente, porém não onipresente.
Fluxo: Rápido.
Composição: Capítulos breves, com intercalações entre presente e passado (este em maior volume).
Prosa verossímil, com atenção focada nos momentos dramáticos das vidas de Flora, Anna (mãe de Flora) e Gemma (irmã de Anna e tia de Flora).
Bastante reflexivo.
Sutilmente a autora vai expondo suas ideias sobre a vida, a morte, as paixões amorosas, nas figuras das personagens.
São cenas dos dramas da vida moderna de mulheres do sec. XX.
Há também momentos de descrições psicológicas dos mecanismos de defesa ,como p.ex. Forte recalque após violência.

Notas do resenhista:
Desconfio que a autora tenha bebido da fonte dos existencialistas franceses do pós- 2a guerra, principalmente das análises da escritora Simone de Beauvoir, que refletiu a vida e as possibilidades da condição feminina.
A questão da liberdade humana também ocorre no Memorial das Flores, como p. ex. as tomadas de decisões capitais num Universo silencioso. Aqui a escritora Angela Ragassi vai exemplificar de forma personalíssima o que Beauvoir sistematizou.

Sobre a Autora:
Mariângela Ragassi nasceu em 1969 em Ourinhos, interior de São Paulo, Brasil.
Escritora talentosa foi premiada em 1986 no concurso literário "A paz no Brasil e no mundo", promovido pelo Estado de São Paulo.
Classificou-se em 3o lugar no Mapa Cultural Paulista de 2003/2004, com o conto: Lucicleide na Janela.
Memorial das Flores é seu primeiro romance.